Se você já se perguntou como aquelas caixas Bluetooth compactas conseguem entregar graves tão surpreendentes, mesmo com alto-falantes pequenos, a resposta geralmente reside nos radiadores passivos. Esses componentes muitas vezes discretos são verdadeiros heróis invisíveis da engenharia de áudio moderna, otimizando a performance sonora de uma forma que poucos outros elementos conseguem.
Como funcionam?
Ao contrário dos alto-falantes convencionais, os radiadores passivos não possuem bobina de voz nem um ímã. Isso significa que eles não são alimentados diretamente pelo amplificador da caixa de som e, portanto, não produzem som por si mesmos. Em vez disso, são essencialmente cones de alto-falante sem a parte elétrica, que são movimentados pela pressão do ar gerada pelo alto-falante ativo dentro do gabinete selado.
Imagine que o alto-falante principal (ativo) está empurrando e puxando o ar dentro da caixa. Essa movimentação de ar cria variações de pressão. O radiador passivo, sendo um elemento móvel, reage a essas variações de pressão, vibrando em ressonância com as frequências baixas produzidas pelo alto-falante ativo.
Qual é a estrutura?
A estrutura de um radiador passivo é bastante simples, mas eficaz:
- Diafragma vibratório: geralmente feito de materiais leves e rígidos como papel tratado, polipropileno, borracha ou metal para permitir uma resposta rápida e precisa às variações de pressão. Embora frequentemente referido como “cone” devido à sua forma comum em muitos alto-falantes, esta peça pode ser circular (cônica), plana, retangular ou ovalada. Sua função é vibrar e mover o ar.
- Suspensão: uma borda flexível (geralmente de borracha ou espuma) que conecta o cone à estrutura do radiador, permitindo seu movimento livre.
- Massa Adicional (Opcional): em alguns designs, pequenos pesos podem ser adicionados ao cone para ajustar a frequência de ressonância do radiador, otimizando a resposta de graves para o tamanho específico da caixa e do alto-falante ativo.
Por que são importantes para o aumento de graves?
A principal função dos radiadores passivos é aumentar significativamente a saída de graves de uma caixa de som sem a necessidade de um alto-falante de graves dedicado e maior. Eles fazem isso de algumas maneiras:
- Extensão de frequência: ao ressonar com as baixas frequências, os radiadores passivos conseguem reproduzir notas graves que o alto-falante ativo, por si só, teria dificuldade em alcançar. Isso cria uma sensação de graves mais profundos e presentes.
- Eficiência acústica: eles aproveitam a energia que de outra forma seria perdida dentro do gabinete (na forma de pressão do ar) e a transformam em som audível na faixa de graves. Isso torna a caixa mais eficiente na reprodução de baixas frequências.
- Substituição do duto: em muitos designs, os radiadores passivos substituem o “duto de sintonia” (também conhecido como porta bass-reflex) encontrado em outras caixas. Embora os dutos sejam eficazes, eles podem ser suscetíveis a “ruídos de porta” em volumes altos e exigem um certo volume interno. Radiadores passivos oferecem uma alternativa mais compacta e limpa para o ajuste de graves.
Radiadores passivos em diferentes tamanhos de caixas
A tecnologia de radiadores passivos é versátil e pode ser encontrada em uma vasta gama de tamanhos de caixas Bluetooth, demonstrando sua eficácia em diferentes escalas:
- Caixas pequenas: um excelente exemplo é a JBL Go 3. Apesar de seu tamanho diminuto, ela consegue entregar graves surpreendentes para sua categoria, muito por conta da presença de um radiador passivo.
- Caixas médias: a JBL Flip 6 é um ícone nesse segmento. Com dois radiadores passivos nas laterais, ela oferece um som robusto e graves impactantes, ideal para festas e uso diário.
- Caixas grandes: a JBL Boombox 3 representa o ápice da portabilidade e potência. Além de um subwoofer e dois drivers de médios e agudos, ela conta com dois radiadores passivos laterais que amplificam enormemente a sensação de graves profundos e ressonantes.
A JBL e os radiadores passivos
A JBL é uma das marcas que mais popularizou o uso de radiadores passivos em suas caixas Bluetooth. A incorporação dessa tecnologia pela JBL em suas caixas portáteis pode ser observada desde o lançamento das primeiras versões da linha JBL Flip (como a Flip 1 e 2), lançadas por volta de 2012 e 2013, que já apresentavam os radiadores passivos visíveis nas laterais, uma característica que se tornou uma assinatura da marca. Desde então, a JBL aprimorou e expandiu o uso dessa tecnologia em praticamente toda a sua linha de produtos Bluetooth, desde os modelos mais compactos até os maiores e mais potentes.
Marcas populares com múltiplos radiadores passivos
Entre as marcas populares, a Tronsmart T6 Max de fato se destaca por incorporar um número impressionante de radiadores passivos. Enquanto muitas caixas utilizam um ou dois radiadores, a Tronsmart T6 Max possui oito radiadores passivos, distribuídos ao redor de sua estrutura cilíndrica. Essa configuração visa maximizar a área de superfície para a movimentação do ar, resultando em uma resposta de graves excepcionalmente potente e envolvente para seu tamanho, reforçando o poder dessa tecnologia para amplificar a experiência sonora.
A onipresença dos radiadores passivos, mesmo nas menores caixas Bluetooth, deve-se à demanda do mercado por graves impactantes em dispositivos compactos. Fabricantes de áudio perceberam que, para oferecer uma experiência sonora satisfatória em produtos cada vez menores e mais portáteis, era essencial encontrar uma solução eficiente para a reprodução de baixas frequências.
Por essas razões, tornou-se quase impossível encontrar uma caixa Bluetooth moderna, mesmo as mais básicas, que não incorpore pelo menos um radiador passivo em seu design. Eles são um testemunho da inovação contínua na engenharia de áudio, provando que um grande som pode, de fato, vir em uma pequena caixa.
Você já notou a diferença nos graves de uma caixa com radiador passivo? Qual a sua experiência?